A opinião é do secretário de Turismo, que esteve em reunião sobre o plano de gastronomia, nesta segunda (26).

De forma semelhante à França, a gastronomia, agregada à história e à cultura, é a principal vocação do turismo em Minas Gerais e está transformando o estado numa potência no setor. A constatação é do secretário de Estado de Turismo, Gustavo Pessoa Arrais, que participou de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta segunda-feira (26/3/18).

Solicitada pelo deputado Agostinho Patrus Filho (PV), a reunião da Comissão de Desenvolvimento Econômico teve como objetivo debater o Plano Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia de Minas Gerais (PEDG). Proposto pelo Executivo, o plano está previsto na norma que instituiu a Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia – Lei 21.936, de 2015, que tem como origem o Projeto de Lei 1.618/15, de autoria do parlamentar.

O secretário Gustavo Arrais lembrou que também a França tinha como vocações a extração mineral, a agricultura e a historicultura. “Percebendo que a mineração ia se esgotar, começaram a trabalhar o turismo, baseado em agricultura, história e cultura. Hoje, o país recebe 68 milhões de turistas”, destacou.

Na opinião de Arrais, Minas, com quatro patrimônios da humanidade, pode seguir essa trilha e consolidar opções à mineração.“Só com o carnaval em Belo Horizonte, neste ano, foram movimentados R$ 670 milhões, atraindo 3,8 milhões de turistas, com os desembarques internacionais subindo 40%”, comemorou.

Pioneiro – Agostinho Patrus Filho lembrou que Minas Gerais é o primeiro estado brasileiro a contar com uma política de desenvolvimento da gastronomia. “O que vai dar concretude a essa política é o plano estadual da gastronomia, construído com a participação de vários órgãos governamentais, iniciativa privada e entidades ligadas ao setor”, afirmou.

“A receita do sucesso da gastronomia mineira deve sempre ser feita por muitas mãos, para que o projeto se transforme em realidade”, constatou Patrus. A proposta inicial foi elaborada pelo grupo coordenador do programa +Gastronomia, criado pelo governo em 2017, unificando iniciativas no segmento e fomentando sua cadeia produtiva. “Este é um plano com duração de 2018 a 2021, mas precisa ser constantemente avaliado. Como é quadrienal, perpassa governos, tornando-se um plano de estado”, apontou.

Consulta pública do plano vai até 12 de abril

A gestora de Projetos Sociais do Serviço Social Autônomo (SSA Servas), Marina Simião, divulgou que o governo abriu consulta pública sobre o PEDG, por meio do site www.planode gastronomia.mg.gov.br. Nele, é possível conferir a íntegra das propostas e sugerir melhorias, enviando-as até 16 de abril. As propostas serão revisadas para consolidação da versão final.

Segundo Marina, até o momento, foram recebidas 109 contribuições. Na visão dela, o plano enfrenta desafios, como a complexidade de lidar com uma cadeia produtiva muito diversa, que inclui a produção agropecuária, os serviços de alimentação fora do lar, passando pelo beneficiamento, logística, comercialização, desenvolvimento de produtos e pesquisa.

Cristiane Serpa, do Instituto Integrado de Desenvolvimento Econômico (Indi), destacou que a política de gastronomia tem entre seus objetivos a atração de investimentos e a promoção da exportação, áreas mais atacadas pelo instituto.

“O Indi promove a gastronomia mineira participando de feiras em países como China, Alemanha e Colômbia. Apresentamos produtos mineiros com potencial exportador, como café, cachaça e queijo”, disse. Mas a entidade também divulga outros setores, com foco em pequenos e médios produtores, sem capacidade de se posicionarem internacionalmente.

Mineiraria – Fernanda Machado, diretora de Fomento à Indústria Criativa da Codemig, defendeu maior divulgação ao plano estadual para que ganhe mais capilarização. Ela divulgou a Mineiraria, casa da gastronomia mineira, em Belo Horizonte, voltada à promoção dos produtos da culinária mineira, oferecendo oficinas, eventos e intercâmbio entre chefs.

Gilson Soares, superintendente de Agronegócio, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, enfatizou que, além dos produtos mais tradicionais da culinária mineira, há outros que a Seapa apoia, como doces, linguiças, embutidos e farinha. Um dos programas desenvolvidos nesse sentido é o Certifica Minas, que atua na certificação de café, queijo, leite, carne, frutas e azeite, o que ajuda a fortalecer a gastronomia e o turismo.

Identidade gastronômica daria mais visibilidade à região produtora

O chefe do Projeto Territórios Gastronômicos, Eduardo Avelar, sugeriu a substituição da identidade geográfica pela identificação gastronômica, para dar mais visibilidade as regiões produtoras.

Na opinião do professor e coordenador do Curso de Gastronomia da UNA, Edson Wander Puiati, o plano poderia tratar mais detalhadamente de modelos de produção agroecológico e orgânico, além de abordar a conexão da gastronomia com o turismo religioso. Sugeriu ainda que alguns ícones da culinária mineira sejam transformados em patrimônio imaterial.

Marisa Flores Peixoto, da Emater, disse que a instituição tem atuado com produtores rurais enfocando boas práticas de produção e de processamento. Uma das ações que faz parte da primeira entrega da política de gastronomia foi a realização do 11º concurso do queijo minas artesanal, em São Roque de Minas (Sul).

Desemprego – Já para o deputado Roberto Andrade (PSB), “nas indústrias, nos bancos e nas empresas em geral, a automação se expande cada vez mais”. E uma alternativa para gerar emprego e renda são o turismo e a gastronomia. Ainda segundo Andrade, só dois estados no Brasil possuem uma gastronomia diferenciada – Minas Gerais e Pará -, mas só o primeiro tem uma divulgação massiva por todo o País, o que deve ser valorizado.

Ricardo Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel) e coordenador da Frente da Gastronomia Mineira (FGM), parabenizou Agostinho Patrus pela coordenação dos trabalhos para que se chegasse a política estadual. Por outro lado, ele ressalvou que o plano só será executado se houver recursos alocados para sua implementação.

Para Roberto Andrade, gastronomia e turismo são alternativas para gerar emprego e renda em MG

Fonte: ALMG