A retomada de voos de grande porte no aeroporto da Pampulha foi alvo de críticas de um grupo de lideranças políticas, empresários, representantes de classe e moradores nesta terça-feira (21), no hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte. O encontro foi organizado pela Associação dos Desenvolvedores do Vetor Norte (AV Norte), que estuda estratégias para anular a decisão do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA) que revogou a portaria que proibia esses voos na Capital.
O grupo alega que a volta dos voos para a Pampulha acarretará a redução do número de destinos e o aumento do preço das passagens, além dos danos ambientais e da perda de empregos. Para manter os voos no aeroporto de Confins, as lideranças do movimento irão a Brasília para entregar ofício aos 53 deputados federais da bancada mineira, aos três senadores do estado e ao ministro dos Transportes, Maurício Quitella Lessa.
Na reunião, foi lançado o movimento “Decole, Minas!”, idealizado pelo presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Roberto Andrade (PSB). O parlamentar criticou a forma como o tema é discutido e apontou que, se mantida a decisão do MTPA, haverá retrocesso econômico no estado. “A discussão sobre esse assunto ficou passional. Parece Atlético e Cruzeiro. Uns preferem a Pampulha, outros preferem Confins. Mas o foco deve ser o desenvolvimento de Minas Gerais, porque o prejuízo será de todos os mineiros”, afirmou.
Roberto Andrade também falou do desenvolvimento do polo industrial de Confins, que está comprometido com a volta de voos para a Pampulha, da falta de respeito a contratos por parte do governo federal e da incoerência da Infraero, que pressiona o Planalto para manter a decisão mesmo sendo dona de 49% de Confins. “É de uma grande irresponsabilidade da Infraero querer levar os voos para a Pampulha. Ela está canibalizando o aeroporto da qual ela mesma é sócia”, criticou.
De acordo com a BH Aiport, concessionária que administra Confins, a transferência de voos para a Pampulha reduzirá a capacidade de conectar o maior número de destinos possíveis em um único centro de distribuição de passageiros, o chamado “hub”. A empresa cita o seguinte exemplo: “Imagine um voo que sai de Confins para Congonhas às 7 da manhã e seja transferido para a Pampulha. Este voo é alimentado por outros voos que vêm de cidades do interior de Minas, de Vitória, da Bahia, de Goiânia etc. Estes passageiros – que significam cerca de 55% do movimento do aeroporto – não terão como se conectar na Pampulha. Perde-se a possibilidade de alimentar, por exemplo, o voo Buenos Aires-Orlando com escala em BH”.
Sem conectividade, há transferência do potencial de desenvolvimento econômico e social para outros estados. É o que diz Adriano Pinho, presidente da BH Aiport. “Chega a ser paradoxal que, no momento em que discutimos a construção da segunda pista em Confins, com uma estrutura enorme, discutimos também a transferência dos voos para Pampulha”, desabafou.
Para o prefeito de Pedro Leopoldo, Cristiano Marião (PSD), o aeroporto de Confins, que recebeu quase R$ 1 bilhão de investimentos, foi pensado para atrair mais recursos para Minas Gerais. “Hoje, Confins tem capacidade para receber até 22 milhões de passageiros por ano, mas só esta recebendo 10 milhões. Dividir o que já não está dentro da capacidade com o aeroporto da Pampulha trará, infelizmente, regresso para a região”, argumenta.
A ação movida pela BH Airport ainda não foi julgada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), não há novidades sobre os pedidos de voos. O órgão disse que ainda não há nenhuma novidade a respeito.