Entidades protetoras dos animais criticam uso de cães em experimentos científicos na UFV.
Entidades de proteção dos animais e membros do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata, não chegaram a um acordo quanto ao uso de animais para experimentos científicos na instituição. Reunião entre as duas partes aconteceu durante visita da Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ao campus da UFV nesta sexta-feira (18/9/15).
Na instituição, encontra-se um canil que foi recentemente revitalizado pelo Departamento de Veterinária e abriga 23 cães. Estima-se que nas ruas do município vivam em torno de 5 mil cães.
O chefe do Departamento de Veterinária da UFV, José Domingos Guimarães, disse que a instituição trabalha pelo bem estar dos animais, mas com uma preocupação com a saúde do ser humano também. Segundo ele, está em elaboração um plano para que os animais irrecuperáveis possam ser usados em pesquisas pela instituição. “Queremos chegar a um acordo que seja sustentável e beneficie a todos”, ponderou.
A professora Emily Correia Carlo Reis ressaltou que, ao assumirem o canil, há apenas três meses, o local era um depósito de cães, sem condições de funcionamento. “Fizemos uma mudança completa na estrutura, viabilizamos testes de leishmaniose e leptospirose, vacinamos todos os animais. Acreditamos que podemos elaborar um plano técnico no qual a saúde animal e a humana possam andar juntas”, disse.
Por outro lado, membros da Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais (Sovipa) se manifestaram contrariamente ao uso de animais em experimentos.
Para evitar que os ânimos ficassem acirrados, o presidente da comissão, deputado Noraldino Júnior (PSC), ponderou que a sociedade não aceita mais as experiências com animais e que é preciso que a ciência avance para que as pesquisas sejam feitas de outras formas. “É preciso trabalhar de outro jeito, com experimentação técnica”, defendeu.
Castração pode conter procriação dos animais de rua
O deputado Noraldino Júnior decidiu, então, colocar em discussão a questão da construção do canil, demanda antiga das sociedades protetoras dos animais. “Só o trabalho das ONGs, sem o apoio do poder público, não vai dar o resultado que queremos. E é importante sabermos que canil é local de passagem, não definitivo, para esses animais”.
O prefeito de Viçosa, Ângelo Chequer, explicou que a construção do canil diretamente pelo poder público seria muito burocrática, então está sendo feito um esforço no sentido de viabilizar recursos para que a Sovipa possa fazê-lo, em terreno cedido pela prefeitura. “Farei o esforço que for possível, desde que cada um cumpra com a sua parte. A Sovipa já faz esse trabalho, e por isso estou buscando essa parceria com eles”, disse.
Representante da Sovipa, Maria de Lourdes Mattos Barreto defendeu a urgência da construção do canil, já que o grande número de cães soltos pela cidade tem causado problemas. “Muitos voluntários se esforçam para ajudar. Mas agora temos de pensar em formas de capturar, castrar e buscar um destino para esses animais”, disse.
Segundo ela, a Sovipa conseguiu um trailer para realizar a castração dos animais, mas ainda não tem recursos para fazer esse serviço. “Faltam material hospitalar, profissionais e boa vontade do poder público”, afirmou. A entidade está também fazendo um trabalho educacional em escolas infantis, com o objetivo de conscientizar a população para a importância de se castrar os animais.
O prefeito disse que a liberação do veículo é uma questão de âmbito jurídico e que enxerga a viabilidade de solução desse problema em breve.
O deputado Noraldino Júnior propôs que a UFV entre como parceira dessa iniciativa. Ele também defendeu a formalização de convênios da prefeitura com clínicas para viabilizar as castrações.
O deputado Roberto Andrade (PTN) ressaltou a importância da castração para a saúde dos animais. “Se antes era vista como uma prática ruim, hoje se percebem os benefícios que ela traz, além do controle populacional. Tenho visto pessoas envolvidas com a causa trabalhando de graça, assumindo responsabilidades do Estado”, afirmou.
Fonte: ALMG