Populares e lideranças do Vale do Jequitinhonha lotaram o Auditório José Alencar Gomes da Silva, na Assembleia de Minas, e defenderam a construção do Hospital de Controle e Combate ao Câncer em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Saúde, realizada nesta quarta-feira (16), e denunciaram as dificuldades enfrentadas por pacientes que precisam percorrer grandes distâncias para conseguir tratamento adequado.
A luta pela construção do hospital do câncer no município é antiga e conta com a mobilização da comunidade local, liderada pela Associação Capelinhense de Apoio aos Portadores de Câncer (ACPAC). A presidente da associação, Mônica Marques de Abreu, defendeu a regionalização no atendimento ao paciente com câncer e apontou que a população percorre, em média, 550 quilômetros para conseguir tratamento em Belo Horizonte, onde estão os hospitais de referência.
Ela ainda criticou a quase impossibilidade de conseguir um diagnóstico precoce na região, já que os municípios não contam com tomografia computadoriza ou ressonância magnética. “Sem recursos adequados não há como fazer esse diagnóstico em tempo hábil”, afirmou.
O deputado Roberto Andrade (PSB) apoiou a criação de uma frente em defesa do hospital e pediu para que todos os candidatos a governador de Minas incluam, nos planos de governo, a construção dessa obra. “A Comissão de Saúde deve exigir dos pré-candidatos ao Governo de Minas o compromisso da construção do hospital, para aquele for vitorioso seja cobrado pela população”, disse o parlamentar.
Já o prefeito de Veredinha, Edilson Nunes, explicou que os municípios da região vivem “momentos de angústia” no setor da saúde. “Cerca de 80 ou 90% dos problemas que enfrentamos são pedidos para a questão da saúde. Precisamos muito do apoio do governo nesta área, senão todos os municípios vão entrar em colapso”, explicou o prefeito.
O prefeito de Capelinha, Tadeu Filipe Fernandes de Abreu, também solicitou apoio para a construção do hospital. Para ele, a região de Capelinha encontra-se abandonada tanto pelo estado quanto pela União, em todas as áreas, mas em especial na saúde. Tadeu Abreu defendeu uma interiorização da rede de atendimento, possibilitando que os pacientes sejam tratados na sua região.
Dados indicam necessidade de habilitação de um hospital
A coordenadora do Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Berenice Navarro Antoniazzi, apresentou um levantamento feito sobre os pacientes com câncer na região. Para ela, os números indicam a necessidade de habilitação de um hospital para o atendimento da população, mas ponderou se o município de referência não deveria ser Diamantina.
Segundo ela, atualmente o Vale do Jequitinhonha conta com 54 municípios e uma população de mais de 680 mil habitantes, e a Macrorregião de Saúde do Jequitinhonha, que seria o foco principal de atuação do hospital, conta com 29 municípios e mais de 370 mil habitantes. Entretanto, para serem tratados, esses pacientes são transferidos principalmente para hospitais de Belo Horizonte e, em menor escala, para instituições de outras regiões.
Para a coordenadora, é preciso repensar esse modelo, já que vários dados indicam a fragilidade no tratamento que é dispensado à população: elevados percentuais de casos avançados no início do tratamento (cerca de 50%), elevados intervalos entre o diagnóstico e o início do tratamento (média acima de 79 dias), a dificuldade em conseguir a integralidade da assistência no primeiro hospital e a subnotificação dos casos.
Outro dado apresentado foi sobre o índice de mortalidade na região. Segundo ela, está sendo constatado um aumento do número de mortes por câncer na região, sendo que, no caso da Macro Jequitinhonha, entre 2007 e 2016, o crescimento da mortalidade foi de 75%.
Berenice Antoniazzi ainda apontou que apenas a construção ou habilitação do hospital não é suficiente para prestar um atendimento adequado à população. Para ela, é preciso desenvolver ações estratégicas, como na prevenção da doença, além de um planejamento integral.
Regionalização
O secretário-geral da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Gabriel de Almeida Júnior, defendeu a necessidade de regionalização do atendimento aos pacientes de câncer. Entretanto, apontou que o mais importante é a prevenção da doença, com a qualificação dos médicos que prestam o primeiro atendimento e o aumento do número de diagnósticos precoces.
Municípios da região apoiam iniciativa
A audiência contou com a presença de representantes de vários municípios da região de Capelinha que defenderam a construção do hospital.
O prefeito de Minas Novas, Aécio Guedes Soares, afirmou que a luta é da região, já que a população não aguenta mais as dificuldades para conseguir tratamento. O prefeito de Virgem da Lapa, Diogenes Silva, disse que há um desrespeito com a população do Vale do Jequitinhonha, que não conta com um apoio da União e do estado.
O secretário de Saúde de Turmalina, Anderson Viana, apontou que a construção do hospital pode representar um avanço enorme para o atendimento dos pacientes locais.
Mulheres
A presidente da Câmara Municipal de Minas Novas, vereadora Fátima de Lurdes Martins Almeida, lamentou a situação das mulheres da região vítimas de câncer de mama, por exemplo, que acabam falecendo antes de conseguir o tratamento adequado.
Já a presidente da Câmara Municipal de Itamarandiba, vereadora Lourdes Gomes Vieira, deu um depoimento sobre as dificuldades enfrentadas no seu tratamento. “É muito sofrido. Nós necessitamos desse hospital, pois o paciente já está debilitado e ainda precisa viajar para ser tratado”, afirmou.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Roberto Andrade (com informações da ALMG)