A criação, pelo estado, de uma rede de proprietários rurais, que consistirá no cadastramento das propriedades com a geração de um código para cada fazenda, foi anunciada na última terça-feira (20) como instrumento para melhorar da segurança no campo. O anúncio foi feito na audiência pública que discutiu a criminalidade nas zonas rurais, realizada pelas comissões de Segurança Pública e de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia de Minas a pedido do deputado Roberto Andrade (PSB).
“Esse código fará parte de um software, que estará acessível a todos os policiais por meio de GPS, tablets e smartphones. Ou seja, a Polícia poderá consultar e receber as coordenadas geográficas de todas as propriedades, o que facilitará demais o trabalho”, explicou o diretor de Apoio Operacional da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel PM Geovani Gomes da Silva. Discorrendo sobre esforços feitos pela Polícia para prender criminosos e prevenir ocorrências, o coronel frisou que hoje a corporação tem 43 mil policiais, formados, na ativa e reconvocados.
“A meta do comando atual é de ter todos os destacamentos de Minas com um mínimo de oito policiais, número que será atingido mediante reformulação das missões administrativas e acreditamos que alcançaremos isso em dezembro deste ano”, prometeu, após ouvir críticas de deputados e produtores rurais quanto à sensação de medo e ao avanço da criminalidade que segundo eles tem alterado a rotina no campo.
Autor do requerimento da audiência, Roberto Andrade defendeu o envolvimento das polícias ambiental e rodoviária do estado também no patrulhamento rural, de forma articulada e transparente, tendo em vista as funções distintas de cada esfera. Alertou, ainda, para a necessidade de medidas urgentes ao dizer que os pequenos fazendeiros têm sido os mais prejudicados. “Hoje há profissionais do crime no campo, e não mais o antigo ladrão de galinha como se falava”, frisou.
Já o produtor Jershon Ayres de Morais, representante do Sindicato Rural de Viçosa (Zona da Mata), centrou sua fala na dificuldade que o produtor, segundo ele isolado no campo, encontra para se proteger. “Não queremos ser desequilibrados na defesa da luta armada. Mas o Estado nos abandonou e estamos entregando tudo o que temos aos bandidos e ninguém faz nada por nós”, criticou ele ao defender a posse de arma no campo, conforme permite a lei. “Mas o custo é elevado para o pequeno produtor e precisamos de apoio para flexibilizar isso”, reivindicou.
Representante da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Altino Rodrigues anunciou que a entidade contratou uma empresa de consultoria para auxiliar na elaboração de um plano de ação para a melhoria da segurança no campo. “Será um plano muito baseado na educação para a segurança, hoje a maior demanda que chega à federação”, adiantou Altino.
Por sua vez, o assessor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Rômulo Luiz Campos, ponderou que deve haver a priorização, pelo Estado, de ações e políticas públicas voltadas para a inclusão de jovens, a geração de emprego e a melhoria da educação, que no seu entendimento contribuiriam para reduzir a criminalidade.
Deputados cobram mais recursos
Frisando que o tema da insegurança no campo tem sido recorrente, o presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), cobrou que as medidas do governo do Estado sejam mais concretas e criticou cortes de recursos que estariam ocorrendo na área da segurança em Minas.
Segundo o deputado, somente em custeio foram retirados da Polícia Militar R$ 223 milhões entre 2014 e 2016, tendo os investimentos da Polícia Civil caído de R$ 32 milhões em 2014 para R$ 1 milhão e 800 mil no ano passado. “Ou seja, está faltando o feijão com arroz, que na segurança significam efetivo e logística”, condenou ele.
O presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), alertou especialmente para a proximidade da época de colheita do café, o que segundo ele aumenta os riscos de roubos nas regiões produtoras.
Por sua vez, o deputado Fabiano Tolentino (PPS) defendeu que se tenha um olhar diferenciado para com a realidade do produtor rural, que não tem vizinhos e vive isolado muitas vezes, o que segundo ressaltou acaba por atrair a criminalidade. “Sem falar na ação do crime organizado, que facilita o comércio do produto roubado. Como saem tratores em caminhões e centenas de cabeça de gado e ninguém vê?”, questionou.
Confira fala do deputado Roberto Andrade na abertura da audiência.
Confira matéria da TV Assembleia.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Roberto Andrade (com informações da ALMG)