Possibilidade de retorno de grandes jatos ao aeroporto central de Belo Horizonte preocupa parlamentares.

Os deputados da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) reiteraram, nesta terça-feira (9), serem contrários à reabertura do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, para aviões de grande porte.

Diante da possibilidade de autorização para operação de aeronaves de grande porte no aeroporto central da Capital, eles visitaram os Aeroportos da Pampulha e de Confins para verificar as condições dos dois terminais que atendem a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Para o presidente da Comissão, deputado Roberto Andrade (PSB), a volta dos voos para a Pampulha é um desperdício das potencialidades que Minas Gerais, hoje, tem no setor de turismo graças ao Aeroporto de Confins. “Para fomentar o turismo no nosso estado, precisamos aproveitar todo o potencial que Confins oferece. Hoje, Minas Gerais pode contar com um aeroporto internacional de indiscutível qualidade, capaz de receber pessoas de todas as partes do país e do mundo. Voltar com os voos para a Pampulha desperdiçará os investimentos que foram feitos na expansão de Confins”, disse.

Já o deputado Gustavo Valadares (PSDB), autor dos requerimentos para as visitas, afirmou que é preciso pensar em como reduzir o tempo de deslocamento até Confins. “Não podemos retroceder nas conquistas alcançadas, temos é que avançar”, explicou.

Desde 2005, quando os voos de grandes jatos foram transferidos para Confins, o Aeroporto da Pampulha recebe aviões com capacidade máxima de 72 passageiros. Atualmente, o terminal conta com apenas uma companhia aérea (Passaredo), que opera regularmente dois voos diários. As demais operações dizem respeito a fretamentos e aviação executiva.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está analisando a proposta de reabertura da Pampulha para grandes aeronaves. Quatro diretores já se pronunciaram favoravelmente, mas o diretor-presidente da autarquia pediu vista do processo.

Caso ocorra essa liberação, o aeroporto poderia receber por semana até 155 pousos e decolagens de aviões do porte do Airbus A319 (com capacidade para até 156 passageiros).

Conectividade

“Enviamos um documento com algumas colocações para serem avaliadas também no processo”, explicou Paulo Rangel, presidente da concessionária de Confins, a BH Airport.

Ele é contrário à reabertura da Pampulha, pois acredita que reduziria a conectividade de Confins, ou seja, a possibilidade de voos de outros estados e do interior de Minas Gerais abastecerem os voos internacionais que saem do terminal, privatizado em 2014.

De acordo com Rangel, 65% da ocupação desses voos internacionais são provenientes das conexões. Ele salientou, ainda, que a Infraero é dona de 49% das ações do consórcio BH Airport.

O diretor de infraestrutura da concessionária, Adriano Pinho, mostrou aos parlamentares a estrutura do aeroporto e disse que Confins foi projetado para facilitar expansões, de forma que é possível dobrar o número de voos internacionais nos próximos anos. Ele ressaltou também que 7.500 pessoas trabalham no terminal, que tem voos diretos para 43 destinos.

Pampulha acumula prejuízo

No Aeroporto da Pampulha, que é administrado pela Infraero, os deputados foram recebidos pelo superintendente em exercício, Hélio Cardoso. Segundo ele, o plano é ter três voos por hora. O número é bem menor do que o já recebido no passado pelo terminal, que teve em seu auge 140 voos diários.

O gerente de negócios comerciais da Infraero, José Lúcio Rocha, disse que o prejuízo do aeroporto foi de quase R$ 30 milhões em 2016. Perguntado sobre as inundações no terminal, ele explicou que uma barragem já foi construída e neste ano não foram registrados problemas. O gerente explicou que outra barragem já está em fase de construção.

Moradores da Pampulha

Moradores da região da Pampulha se posicionaram contrariamente ao retorno dos grandes jatos. “A Anac está levando em conta a pista e questões técnicas, mas não está avaliando a parte ambiental”, disse Rogério Miranda, da Associação de Moradores do Bairro Jaraguá. As maiores reclamações são em relação às poluições sonora e do ar.

Já o taxista Ronan de Oliveira Pires, que trabalha em frente ao terminal, pediu o retorno dos voos e destacou a ociosidade do Aeroporto da Pampulha.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) também se posicionou contrariamente ao retorno dos aviões de grande porte à Pampulha. Os parlamentares pretendem ir a Brasília para debater a questão com a Anac e o Ministério dos Transportes.

Parlamentares quem ir à Anac para pedir a manutenção dos voos em Confins

Fonte: ALMG (com informações da Assessoria do deputado Roberto Andrade)