Deputados visitam aeroporto para conhecer plano de obras da concessionária, atrasado por demora na emissão de documento.
A falta da licença ambiental é, neste momento, o maior empecilho para a continuidade das obras de reforma e expansão do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, mais conhecido como Aeroporto de Confins, no município de mesmo nome, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Essa demanda foi apresentada pela direção da BH Airport, concessionária do aeroporto, aos deputados da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em visita na tarde desta segunda-feira (6/7/15) ao aeroporto.
Durante a visita, o deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), presidente da Comissão, e Roberto Andrade (PTN), assistiram a uma apresentação dos planos da concessionária para os 30 anos em que administrará o aeroporto, período que começou em abril do ano passado e vai se estender até 2044. De olho na Copa do Mundo, foram feitas intervenções emergenciais, sob a responsabilidade da Infraero, que, de acordo com os atuais administradores do aeroporto, não foram ainda totalmente concluídas.
Parte dessas obras, 53% segundo cálculos da concessionária, que incluem a expansão da pista de 3 mil para 3,6 mil metros, foram paralisadas em agosto e o restante segue em ritmo lento. “Estamos em negociação para que o poder público conclua sua parte ou nos deixe concluir. A responsabilidade técnica por elas ainda é da Infraero”, lamentou o diretor-presidente da BH Airport, Paulo Rangel. Agora, para dar novo impulso à revitalização do Aeroporto de Confins, a direção da BH Airport cobra uma definição do poder público, solicitando o apoio da Assembleia de Minas para isso.
“Nós pedimos a licença ambiental em outubro do ano passado. A transferência de titularidade, da Infraero para a BH Airport, só saiu no final de abril. Já pedimos prioridade total e adiantamos tudo que era possível, iniciando a construção das estruturas metálicas e contratando maquinário, mas ainda estamos esperando para poder começar as obras civis. Quando a licença sair, podemos começar as obras no dia seguinte”, completou Paulo Rangel. Segundo o executivo, uma operação-padrão nos serviços responsáveis pela emissão do documento teria atrasado essa etapa.
Nos planos da concessionária está o início da construção do Terminal de Passageiros 2 (TPS2), cuja previsão inicial de conclusão era o final de 2016, ao custo de US$ 770 milhões. Para isso, será erguido um terminal de passageiros provisório, o de número 3, que inicialmente estava previsto para funcionar já na Copa do Mundo, para onde serão remanejados parte do fluxo de passageiros, o dos voos internacionais. Com a conclusão do TPS2, o TPS3 terá parte de sua estrutura demolida e parte adaptada para dar sequência às intervenções de expansão do aeroporto. Em 10 anos, o plano de investimento da BH Airport é de US$ 1,6 bilhão, totalizando US$ 3 bilhões nos 30 anos de concessão.
Com isso, o aeroporto deve ganhar, por exemplo, uma segunda pista de 2,5 mil metros e novos terminais do outro lado da rodovia de acesso ao aeroporto, com um viaduto para o tráfego de aeronaves de uma pista a outra. Com o Terminal 2, serão 17 novas pontes de embarque, somando-se as nove atualmente em funcionamento. “Nosso objetivo é criar uma conectividade no aeroporto para que ele se transforme de fato em um aeroporto internacional, já que atualmente temos poucos voos. E para isso Confins está situado em uma posição estratégica no território brasileiro”, destacou Paulo Rangel.
Atualmente, 96% dos voos em Confins são de voos domésticos. Desse percentual, aproximadamente 15% somente é de voos no interior do Estado. No ano passado, passaram pelo aeroporto 10,9 milhões de passageiros em 108 mil operações de pouso e decolagens. Para dar suporte a essas ações, ele conta atualmente com cerca de 7 mil trabalhadores. Em termos de comparação, o Aeroporto de Zurique, que também é administrado pelo mesmo grupo empresarial e serve de modelo para tudo o que Confins pode um dia vir a ser, movimentou no ano passado 25 milhões de passageiros em 270 mil operações, congregando ainda 25 mil trabalhadores.
Vitrine – O deputado Antônio Carlos Arantes se disse impressionado com os planos de médio e longo prazo da concessionária para o futuro do aeroporto. “O que imaginávamos antes era que toda a gestão do aeroporto visava apenas a dar uma melhor qualidade de atendimento para o usuário que chega e que parte. Mas percebemos que a proposta é muito mais ampla, de vender a imagem do Estado, o potencial de desenvolvimento, tendo o aeroporto como uma vitrine, um centro de negócios”, disse.
O parlamentar considerou que os obstáculos atuais para as intervenções são superáveis. “É uma questão de decisão política centrada na Secretaria de Meio Ambiente. Garantir a internacionalização do aeroporto é pensar no futuro. A Assembleia pode ter um papel fundamental nisso, tanto na cobrança da ação necessária do Executivo quanto na formulação de leis”, acrescentou, citando, por exemplo, o Projeto de Lei (PL) 2.352/15, de autoria do governador, que, ao simplificar a legislação ambiental, vai desafogar o Executivo e dar mais celeridade no exame de temas estratégicos como a expansão do Aeroporto de Confins.
Visitas – A visita a Confins integra um cronograma de atividades da Comissão visando a propor alternativas para amenizar a crise do setor hoteleiro no Estado, após a euforia da Copa do Mundo e em um cenário de desaceleração econômica. Antes foram visitados o Expominas, Minascentro, Convention Bureau (Casa de Turismo) e a Secretaria de Estado de Turismo. Segundo o deputado Roberto Andrade, o relatório da visita será repassado ao Executivo e subsidiará novas ações do Parlamento mineiro para tentar agilizar as intervenções necessárias a destravar as obras no aeroporto.
“Potencial, nós temos, falta ação. Já podemos notar a diferença no aeroporto após ele ter sido entregue à iniciativa privada. Cabe a Assembleia seguir fazendo propostas para estimular o turismo de negócios”, pontuou Roberto Andrade.
Fonte: ALMG