Confiram as perguntas e respostas dadas na entrevista que o deputado Roberto Andrade concedeu à Revista In, de Ubá.
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Como tem sido estes primeiros meses como deputado estadual?
Têm sido de muito trabalho, empenho e motivação. No primeiro momento, a Assembleia passou por um período atribulado por causa das votações da reforma administrativa e do orçamento, que nos tomaram muito tempo e trancaram a pauta do plenário. Agora que essas votações passaram, é hora de focarmos em nossos projetos de lei que estão entrando em tramitação. Eu tenho feito muitas reuniões e participado das atividades das comissões. Já propus a realização de algumas audiências públicas e quero levar alguns debates para o plenário e defender minhas ideias. A atividade parlamentar, de fato, está começando agora.
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Fale um pouco sobre essa união de forças entre os deputados da Zona da Mata e como esta parceria vai trabalhar pela nossa região.
Para o desenvolvimento regional da Zona da Mata, a frente parlamentar é imprescindível e conta com todo meu apoio e entusiasmo. Inclusive, criar políticas públicas voltadas para a Zona da Mata, de modo a integrar as cidades da região, foi uma das minhas bandeiras de campanha durante as eleições. Eu e mais oito colegas deputados da região estamos empenhados na criação dessa frente parlamentar. Há muito tempo a Zona da Mata não tinha uma representatividade na Assembleia de Minas tão expressiva. Chegou a hora de o Poder Público estadual dar mais atenção aos nossos municípios, dada a força política desse grupo de parlamentares.
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Qual a relação que o Sr. Tem com a cidade de Ubá? Quais seus projetos ou planos para a cidade de Ubá e região?
Durante a campanha, dei muita ênfase ao fato de que não existe desenvolvimento socioeconômico pensado de maneira isolada. O desenvolvimento deve ser pensado de maneira regional. O problema que um município enfrenta é o que a cidade vizinha também em enfrenta. Por isso, as políticas devem ser propostas dentro de um contexto amplo.
Cito o exemplo do polo moveleiro de Ubá, onde poderia ser instalada uma fábrica de MDF, que por sua vez incentivaria o plantio do eucalipto, uma vegetação própria para regiões montanhosas. Essa fábrica atenderia aos agricultores que se dedicassem ao plantio dessa espécie e às fábricas moveleiras, estimulando toda uma cadeia produtiva. Todos saem ganhando, até porque a Zona da Mata fica numa região muito montanhosa, o que requer a especialização da mão de obra para o plantio e a colheita. É por isso que o apoio do Poder Público aos pequenos agricultores é fundamental, já que temos na agricultura uma de nossas vocações.
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Qual sua opinião sobre a polêmica que envolveu o pedido de auxílio moradia para os deputados estaduais de Minas Gerais?
Eu, como deputado oriundo do interior do estado, já tinha direito ao benefício. A polêmica se deu ao estender o recurso aos parlamentares que já são da região metropolitana de Belo Horizonte. Quem é de outras regiões precisa manter duas moradias, uma em sua terra de origem e outra na capital, o que justificava o recebimento do recurso. Mas mesmo tendo direito eu resolvi repassar o valor correspondente ao auxílio-moradia a instituições de caridade da região. A cada mês, eu escolho uma entidade filantrópica e faço uma doação. Achei que esta atitude seria a mais correta. Mas isso vai de cada deputado. Não posso julgá-los.
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Sabemos que o Sr. sempre foi contra as festas chamadas “open bar” e que apresentou uma lei proibindo estes eventos. Explique por que é contra e como tem sido a aceitação desta lei por parte da população.
A aceitação tem sido muito boa por parte da população. Tenho acompanhado as manifestações nas redes sociais e na imprensa e posso afirmar que a maioria dos cidadãos é favorável à lei. Mas quero deixar claro que não sou contra as festas e o consumo de bebidas alcoólicas. Só acredito que estejam havendo exageros. Os jovens estão sendo induzidos ao consumo excessivo de álcool. Além do mais, as festas open bar ferem o Código de Defesa do Consumidor, que veda a prática da modalidade conhecida como venda casada. Vincular a entrada em um estabelecimento ao consumo de determinado produto desrespeita a legislação vigente.
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Atualmente vemos a classe política muito desgastada devido a incessantes escândalos de corrupção. Para o Sr. que é filho de ex-deputado (Lacyr Andrade) e sempre viveu de perto os principais movimentos políticos do estado, qual a análise sobre este cenário em comparação ao passado?
Sei que os políticos estão desacreditados, mas não podemos desistir da política, pois é por ela que os representantes do povo chegam ao poder e discutem formas de melhorar a vida em sociedade. As manifestações que tomaram conta das ruas do Brasil em 2013 e neste ano deixaram claro que nosso país quer mudar. A população está ansiosa por renovação. O povo não quer mais aquela política antiga, que já não funciona.
Tenho acompanhado de perto os acontecimentos de nossa história recente. Entrei na política para fazer mais por minha terra e defender os valores em que acredito. Aconselho os eleitores a acompanharem de perto o exercício do mandato dos políticos em que votaram, para depois poderem cobrar e avaliar se eles estão sendo coerentes com o que defenderam durante a campanha. Eu espero que, nos próximos quatro anos, que aqueles que votaram em mim façam uma boa avaliação do meu trabalho.
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Como o Sr. analisa a atual administração do PT no nosso estado? Acredita que os escândalos de corrupção do governo federal possam refletir na administração de Minas?
Prefiro não misturar os dois governos. O governador Fernando Pimentel está começando seus trabalhos agora, acabando de montar sua equipe de governo e aprovando seus primeiros projetos. Como todo governo em início de mandato, precisa de tempo para fazer um diagnóstico da situação do estado e apresentar as propostas para melhorar a vida dos cidadãos. Eu espero que os problemas na esfera federal não afetem diretamente Minas Gerais. Da minha parte, espero contribuir na aprovação de projetos benéficos para o estado e vou ficar atento e vigilante para fiscalizar as ações do Executivo.
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Qual sua opinião sobre a reforma política proposta pelo PMDB atualmente, acredita que finalmente teremos alguma ação concreta ou mudança?
A proposta do PMDB cria o chamado “distritão”, em que os candidatos fazem campanha em todo o estado e os mais votados são eleitos, acabando com o quociente eleitoral. Eu prefiro o chamado “voto distrital”, em que o estado é subdivido em vários distritos e os candidatos concorrem pelo seu distrito de origem, sendo eleitos os mais votados, obviamente. Esta modalidade já é adotada em vários países e torna as eleições mais justas, pois diminui os custos de campanha, por reduzir a área de atuação do candidato, e aproxima o eleitor de seu representante. O voto distrital, de certa forma, já ocorreu de maneira espontânea na Zona da Mata. Os eleitores da região preferiram votar nos candidatos do Zona da Mata, o que acabou dando mais representatividade à região no Legislativo mineiro. É preciso consolidar esse processo de representação regional.
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Espaço aberto para deixar uma mensagem aos seus eleitores e ao povo de Ubá e região.
Quero agradecer aos eleitores de Ubá e cidades vizinhas que me deram uma votação expressiva na região. Contem comigo na defesa dos interesses dos municípios da Zona da Mata. Meu gabinete está de portas abertas para recebê-los na Assembleia de Minas.
Fonte: Revista In (Ubá)